domingo, 3 de fevereiro de 2008







Marques e o paradoxo

Como atleticano, reconheço que o momento para o que vou dizer talvez seja impróprio, inconveniente, chato. Jogarei água fria sobre a cabeça de muitos com o conteúdo daquilo que pretendo desenvolver neste texto.

Irei falar sobre Marques. E irei falar bem de Marques, farei elogios – reconhecidamente precipitados, pois ainda estamos na segunda rodada do Campeonato Mineiro – ao seu futebol. Direi que Marque é, hoje, disparado, o melhor jogador do Galo. E em seguida, de forma aparentemente insana, direi que tudo isso pode ser péssimo para o futuro do Atlético.

Neste momento alguns deixaram de ler meu texto, irritados com o tempo que lhes fiz perder, enquanto outros, por curiosidade – mas também irritados – seguem em frente. Há um terceiro grupo, mais esperto, que já entendeu aonde pretendo chegar. Este grupo também está irritado, pois enrolo muito ao invés de ir direto ao ponto.

Vamos lá:

Nas duas partidas oficiais realizadas pelo Atlético em 2008, o melhor jogador em campo foi Marques. Talvez seja possível questionar o postulado em relação à partida contra o Democrata de Sete Lagoas, mas o mesmo não pode ser dito a respeito do jogo contra o outro Democrata, de Governador Valadares, quando Marques foi inquestionavelmente o melhor em campo.

Enumerando: sofreu pênalti (desperdiçado por Marinho); contribuiu com um belíssimo “corta-luz” para que Renan fizesse o primeiro gol; cruzou na cabeça de Vanderlei para que este convertesse o gol da virada; lançou boas bolas pra área e realizou 90% das jogadas realmente perigosas do time, tendo inclusive cavado faltas que poderiam se transformar em gol, caso a equipe dispusesse de algum batedor razoável (que não é o caso, uma vez que até Vanderlei, centroavante que se notabiliza pela falta de categoria, se prontificou a realizar uma cobrança).

Marinho e Eder Luis, geralmente destaques do elenco, tiveram atuações apagadas. Danilinho, outro destaque contumaz, viveu bons momentos, mas nada que entusiasmasse. Quem brilhou foi Marques, apenas ele, o ídolo, a maior contratação do ano (não posso esconder que digo isso com certa melancolia). E assim o Galo, com bastante sofrimento, de virada, venceu a partida por 2x1.

E também assim que meu maior medo se materializou: o time está, como foi outrora, dependente de Marques – o que me assombra.

Aparentemente, Marques está muito bem fisicamente. Jogou as duas partidas inteiras (no primeiro jogo ele entrou logo no início) e correu até o fim, sofreu entradas duras dos adversários e não se contundiu. Mas um dia ele vai se contundir; acontece. Noutro dia, ele tomará o terceiro amarelo – e ficará de fora da próxima partida. Adiante, ele irá se aposentar.

Enquanto nada disso acontece, quero que Marques ajude muito o Galo, como sempre fez, mas não quero que ele seja a única peça realmente perigosa aos olhos dos adversários. Este erro já foi cometido nas duas passagens anteriores do atleta pelo clube: quando ele não jogava, a atuação do time oscilava entre o medíocre e o patético. É preciso mostrar que a lição foi aprendida.

O salário mensal de Geninho deve ultrapassar em muitas vezes a minha renda anual. Isso me faz acreditar que, obviamente, ele irá logo perceber este (ainda) agradável problema.

Aos que chegaram até aqui, eu agradeço:

Obrigado.

7 comentários:

Goiaba disse...

Bela crônica, Oswaldinho!

C.E. Fiskal disse...

Obrigado Nem, seja bem vindo, continue acompanhando e comentando.

Obrigado.

Unknown disse...

Muito boa a coluna, Oswaldinho. Aguardo as próximas, vou acompanhar por aqui.

Anônimo disse...

Realmente, belo texto...meus sinceros parabéns.

Eu vejo da seguinte forma.

Essa dependência do Marques é natural e irremediável.

Tais jogadores exepcionais tem a perversa qualidade de ofuscar os demais.

Entretanto, pouquíssimos esquadrões no Brasil e no mundo terão dois ou mais exemplares dessa estirpe para dividir os compromissos e as atenções em campo.

O São Paulo talvez tenha.

Não saberei de outro time com a mesma facilidade.

Abro parênteses para dizer que anteontem, na minha modesta opinião, o Marques fez uma das melhores partidas de sua carreira.

Se fizesse um gol poderiam erguer uma estátua em merecida homenagem.

E caso continue assim, é titular em qualquer time do Brasil.

Voltando ao assunto, e nesse ponto entendo a posição do colunista, será um desafio encontrar no elenco alternativas para reequilibrar o time.

Suponho que a marcação adversária sobre o Marques provocará soluções em razão desta dependência.

Um desafio para o técnico, sobretudo.

A partir do que vejo no nosso plantel, creio que o Danilinho é a opção mais evidente.

O pequeno já mostrou que tem personalidade de Leão.

Tirando esta clara possibilidade, as conjeturas se tornam mais nebulosas.

Não consigo antever uma chance para o Éder jogando fora de sua posição, ou seja, mais recuado.

A esta altura está mais próximo da reserva imediata ao Marques.

Quem sabe o Márcio Araújo vingue na lateral e com isso o Renam seja nosso elemento surpresa?

Não abriria mão, contudo, da contratação de um armador.

É o pleito mais ouvido da torcida há algum tempo.

E o considero bastante honesto.

Um grande abraço a todos...

Valeu.

C.E. Fiskal disse...

Roberto, muito obrigado.

Ao Chico também agradeço, no entanto, dedicarei algumas linhas a mais para respondê-lo:

Você fez observações sensatas, além de bem escritas. Foi um comentário muito feliz que deve inclusive ser tomado como outra coluna, o que é ótimo.

Dentro do que você disse, repare o possível encadeamento de fatos:

1- Marques continua jogando muito.
2- Marques chama a atenção dos adversários.
3- Os adversários passam a marcar Marques duramente.
4- Marques os humilha.
5- Os adversários se irritam e partem para a violência.
6- Marques se contunde.

Ainda não estou certo se a solução ideal seria pensar em alguém para substituir sua função em campo. Talvez isso seja difícil. Danilinho conseguiria? Como você disse, parece ser a única e evidente possibilidade.

Talvez tentar, mesmo com o Marques em campo, treinar o time o deixando menos dependente possível do Calango. No entanto me soa anti-natural e pode acabar prejudicando o bom rendimento de Marques, enfim...

É um problema que todo clube gostaria de ter, mas é um problema.

No mais, concordo que ele atuou de maneira assombrosamente boa; tive até compaixão por Éder Luis que, valorizado no mercado, certamente se julgava titular por toda a temporada. É bom que ele comece a temer: o Marques, como se não bastasse, apresentou inclusive um preparo físico melhor.

Para a direita eu daria mais algumas chances ao Nêgo, que parece ser ruim mas não tão ridículo quanto eu pensei. Já Renan, no meu time, seria titular desde o ano passado, quando ele ficava no banco para Xaves e Bilú.

É isso. Peço desculpas pelo tamanho da resposta e por eventuais erros da língua, escrevo aqui de forma apressada e sem correção.

Continue acompanhando!

Obrigado.

Unknown disse...

Marques foi sem duvida a melhor e maior contratação do Galo nesse ano
mesmo q venha outro creio q o Marques continuara sendo o destaque

tenho apenas 18 anos e me emocionei vendo o Marques jogando sabado

um jogador q joga honrando a camisa do Galo que joga por amor ao Galo que gosta das pessoas q trabalham a favor do Galo um jogador q gosta da torcida do Galo enfim MEU maior idolo é o Marques

e o eder luis esta perdido em campo mas pelo fato de que no ano passado ele jogava pela esquerda, o Marques ocupou aquele espaço sem constentação de ngm

e o eder luis como reserva imediato do Marques e ate mesmo do danilinho eh uma boa

uma pena um jogador novo que estava para ser vendido perder seu espaço assim mas nesse esquema infelizmente pra mim ele rodou

um abraço e parabens pelo otimo texto oswaldinho

C.E. Fiskal disse...

Felipe,

Muito obrigado pelo comentário e pelo elogio ao texto.

Quanto à sua emoção ao ver o Marques jogando (e jogando MUITO), compartilho dela. Como podemos perceber, a idolatria ao Calango atravessou gerações, e ele merece.

O fato dele ser nitidamente atleticano e amar o Galo de maneira tão sincera e até mesmo pública, torna tudo ainda melhor.

Na pior das hipóteses, neste centenário será um prazer vê-lo atuando, sempre. Talvez eu escreva uma coluna a este respeito.

Continue acompanhando.

Obrigado.