terça-feira, 18 de março de 2008





O Problema da Economia.


Muito se fala sobre administrações passadas no Atlético como se elas fossem deficitárias por terem contratado muito, ou por terem contratado jogadores muito caro. Isso tem sim um pouco de verdade, mas é muito mais que isso. Além do óbvio, que os defeitos não são só esses e sim a forma como se administrava, com erros jurídicos, administrativos e publicitários gigantescos, a política de contratação do Atlético sempre foi amadora. Os gastos sempre foram grandes não pelo preço que se pagou em cada aquisição, mas por uma série de problemas.

Em primeiro lugar, o Atlético nunca faz um planejamento sério no começo do ano. Quantas vezes o clube tem um time com problemas óbvios em certas posições não contrata um jogador pra resolver naquela posição, preferindo gastar em outra, onde poderia fazer uma aposta. Geralmente as apostas do Atlético são pras posições em que menos se pode dar ao luxo de fazê-la. O resultado é que pra cada aposta mal feita o clube precisa gastar mais contratando outro jogador pra posição e gastando com a rescisão do contrato do jogador anterior, ou pior, ficando com o jogador sem utilizá-lo até o final da temporada.

Em segundo lugar, parece que há um total desconhecimento da base pelo departamento de futebol profissional. Ou um descaso. É muito comum a contratação de jogadores pra posição em que o time de juniores pode perfeitamente suprir a demanda. Um exemplo fictício: se há um jovem zagueiro na base que tem capacidade pra subir pro profissional, o Atlético gastará uma fortuna trazendo um jogador mediano pra mesma posição, enquanto não há ninguém que possa subir com as características de um centro-avante. Esse tipo de acontecimento é tão comum que a torcida já se acostumou , por exemplo, a ver no elenco do clube um sem número de volantes, enquanto passa aperto em outras posições.

Em terceiro lugar, o clube não possui um bom grupo de olheiros acompanhando o futebol do país (muito menos o futebol sul-americano). Assim, raramente o clube acerta em suas contratações deste tipo, tendo pra cada “Danilinho” um mar de “Jales” interminável.

Em resumo, o problema do Atlético não era simplesmente gastar muito, mas principalmente gastar MAL. Isso é muito mais caro do que simplesmente gastar muito. Principalmente quando se gasta MAL várias vezes. É isso que, quando somado aos erros de gestão (falta de pagamentos de direitos trabalhistas, ausência em julgamentos, falta de projetos em parceria com a torcida, empréstimos duvidosos...), gerou a dívida atual. A solução pra sair do buraco, então, não é simplesmente deixar de contratar. É como disse Edmund Burke (escritor e político irlandês): “A economia é uma virtude distributiva e consiste não em poupar, mas em escolher”. Aliás, ele também disse outra coisa: “Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco”.

O Galo tem solução. Mas é preciso mais do que conversa fiada e discurso inflamado. E não tem nenhuma relação com as administrações passadas. Não precisa ser uma escolha entre não contratar ou contratar mal. Profissionalizar o departamento de futebol é o primeiro passo pra se mudar o clube. E já passou da hora de se fazer isso. Uma medida que deveria ter sido tomada nos anos 90 e que tem custado muito caro aos cofres do clube essas duas últimas décadas...

Um comentário:

Anônimo disse...

Sinceramente, creio que a dívida do galo explodiu com o "tombo" da koch Tavares. Nélio Brant e cia acredito que tenham gasto a rodo para montar um time para Libertadores, contando com tal grana que não veio. Aliás, é sempre bom monitorar o referido processo, lembrando que não há segredo de justiça. Somente a multa rescisória, à época, já era de 20 milhões de dólares. Outra ação que devemos ficar de olho é a ação dos reajustes dos aluguéis do Diamond. O galo venceu na justiça e obteve o direito de ver a causa julgada em um juízo arbitral (muito mais rápido). É bom ficar de olho nestas granas para que não "sumam" misteriosamente. Saudações atleticanas.