terça-feira, 19 de fevereiro de 2008







Ressaca Alvinegra

Pra alguns, a ressaca é aquele incômodo – normalmente “matinal” - depois de uma noite de bebedeira. Um incômodo que pode ser acompanhado de dores no corpo, dor de cabeça, enjôo e outros efeitos colaterais. Pro atleticano é um pouco pior. Ela vem não depois de uma noite de porre, mas sim depois de um jogo perdido. Sentindo-se derrotado, insultado e hostilizado, o atleticano acaba por descarregar sua raiva na direção de quem não tem nenhuma culpa do acontecido (torcedores rivais, ônibus, familiares, amigos, companheiros de trabalho, colegas de escola...) e a maioria das formas como a descarrega é deplorável. Esta raiva, se canalizada pra protestar contra os verdadeiros culpados, poderia ter mudado o clube há muitos anos. À medida que a raiva vai passando, toma seu lugar a ressaca. E esta durará até o próximo jogo, não importando quanto tempo leve pra tal evento ocorrer.

Mas, como sua raiva foi mal direcionada, muitas vezes se voltando contra ele mesmo (familiares descontentes, ônibus atrasando no dia seguinte...), isso acaba não interferindo no resultado dos próximos jogos, que tendem a ser tão ruins quanto o anterior.

Os poucos que se revoltam contra o time, acabam por crucificar jogadores que não têm culpa direta pelo resultado, já que não têm culpa de terem sido agregados ao elenco por técnicos e dirigentes. Um jogador não tem culpa de ser contratado. Muito menos de ser escalado. Quem iludiu a torcida dizendo que o Atlético teria um time pra ser campeão foi o Édson? Foi o Éder? Foi o Gérson? Rafael Miranda não foi...

Em defesa do Éder, devo dizer que o estilo de jogo dele é melhor aproveitado contra times que ataquem o Galo do que contra times que só se defendam. Éder é o tipo de jogador que aparece nos grandes jogos, mas some nos pequenos. Ao contrário de muitos jogadores do futebol brasileiro.

Se a torcida não fizer nada, se a diretoria não fizer nada, se o técnico não fizer nada... Enfim, se NINGUÉM fizer nada, o ano do centenário será não só como um ano qualquer, mas poderá se tornar um ano pior do que a média. O Atlético é um clube glorioso. Sempre disputou todos os títulos com elencos honrassem a camisa. Isso ate alguns anos atrás. Numa história centenária, é um clube acostumado com a parte de cima da tabela e não com o meio e – MUITO MENOS – com a parte de baixo. Alguém precisa tomar uma atitude, pra que o próprio clube faça algo. Como dizia Charles De Gaulle, "não fazer nada, é ser vencido". Ainda dá tempo de mudar o rumo deste centenário. Talvez não pro ano que desejaríamos, mas com certeza pra evitar um ano vexatório. Souza e Coelho melhorarão o time, mas não farão o time vencer tudo. Até porque, em eventuais contusões e cartões, quem ficará no lugar deles?

Todos nós atleticanos podemos ser parte da solução. Pra que ser parte do problema? Está na hora de exigirmos um time a altura de nossa tradição. Como dizia Vandré, “quem sabe faz a hora não espera acontecer”.

3 comentários:

Getúlio Morato disse...

Rafael, excelente texto. Gostei principalmente daquela sobre os onibus. Realmente é foda descontar a raiva em bens publicos ou privados. Esses marginais deveriam estar presos hoje e serem soltos apenas quando produzirem o suficiente para recompensar os prejuizos das empresas de onibus.

Unknown disse...

Belo texto...

João Carvalho disse...

Texto sentado, simples e direto! Passa um pouco do sentimento de todos nós!