terça-feira, 1 de abril de 2008







O Primeiro de Abril

Hoje é dia primeiro de abril. Dia da mentira. Mas nem sempre foi assim. Pra entender um pouco essa história, precisamos voltar um pouco no tempo.

Na época do Império Romano, os anos não eram fixos. Não que a Terra girasse mais rápido ou devagar em torno do Sol, mas os homens não se utilizavam do método astronômico. Na verdade, os calendários de cada ano eram montados artificialmente pelos senadores romanos. Quando se tinha a intenção de encurtar ou alongar o mandato de determinado senador, então se mudava a contagem, acrescentando feriados ou retirando-os, ao bel prazer.

Julio Cesar, imperador romano, foi quem ajustou o calendário da forma como conhecemos hoje, basicamente. A palavra calendário vem da palavra latina Kalendae (calendas) que era como se denominava a primeira parte do mês. Como havia sido mandatário no Egito, César resolveu adotar um calendário influenciado pelos astrônomos de Alexandria. Este era baseado no Sol e não na Lua. Logo, era mais preciso. Porém, o calendário ainda não estava perfeito. Isso porque, mesmo utilizando-se do ano bissexto, César não tinha o aparato científico pra perceber as pequenas diferenças e corrigi-las com tanta precisão. Foi somente em 1582 que estas correções foram feitas.

O papa Gregório XIII reuniu um grupo de estudiosos (entre eles religiosos e astrônomos) para fazer a correção necessária (e algumas outras foram feitas depois, afinal, além de adicionar um dia a cada 4 anos – o ano bissexto, foi necessário não adicionar um dia a cada 100 anos, acrescentar um ano bissexto a cada 400 anos, suprimir um dia a cada 3.000 anos, adicionar um dia a cada 30.000 anos, subtrair um dia a cada 1 milhão de anos!).

Um dos primeiros a adotar o calendário gregoriano foi o rei Carlos IX, da França. Isso gerou um certo problema na França, pois o ano antes começava no dia 25 de março, data da chegada da primavera no hemisfério norte. As festas duravam uma semana e terminavam, adivinhe, no dia primeiro de abril (achou que eu não chegaria nunca aqui, hein?)! Porém, alguns franceses resistiram a essa mudança de calendário, que colocava o início do ano no dia primeiro de janeiro. Apareceram então gozadores que ridicularizavam esses “tradicionalistas”, enviando convites de festas que não existiam e presentes esquisitos. Esse tipo de prática logo se espalhou pelo mundo ocidental, caracterizando o dia como um dia de brincadeiras, de pregar peças, ou seja, um dia da mentira.

Seria esse, então, um bom dia pra diretoria do Atlético anunciar a chegada de Gallardo, de Ricardinho, de dizer que o Galo não pensa em vender um determinado jogador, ou demais peças que a mesma costuma pregar em sua torcida. Também serviria pra muitos políticos fazerem suas promessas de campanhas ou dizer que não sabiam dos escândalos de seus subalternos, mas não entremos neste perigoso campo minado. Apenas é uma pena que tantos e tantos não respeitem esse costume e se utilizem de mentiras para iludir brasileiros em geral, e no primeiro caso citado, atleticanos. Ninguém merece. Acho que o problema todo é que a mentira não costuma vir sozinha. Ou, como disse George Herbert, poeta inglês: “Ousa dizer a verdade: nunca vale a pena mentir. Um erro que precise de uma mentira, acaba por precisar de duas”.

Bom, mas esqueçamos isso tudo. Não vale a pena. Comemoremos, apenas, o dia das mentiras. Preguemos peças nos amigos e que isto gere tão somente boas risadas. Feliz primeiro de abril. Ah, quase me esqueço de dizer: Uma fonte confiável me contou que Heinze e Aimar estão quase acertados com o Galo. 98%.

Um comentário:

Anônimo disse...

Observação pertinente: O símbolo da França é um Galo, e o ano deles começava em 25 de março... Coincidência ou não... já tava escrito que 25/03 é especial pro Galo!!!!!