terça-feira, 11 de março de 2008





Proibições

Nos estádios de Minas, quase tudo tem sido proibido. Menos a violência em si, é claro. Até porque, esta já é proibida por lei. Ninguém precisa legislar sobre isso. Precisa-se é de colocar na cadeia os marginais que agridem as pessoas de bem – homens, mulheres, crianças, idosos – sem preconceito. Mas aí dá trabalho. Dá trabalho prender bandido. Então, precisa-se de outra saída pra diminuir a violência. Nem que seja de mentirinha, pra dar satisfação a população. Aí entram as proibições...

Primeiro, proibi-se bandeiras, sinalizadores,música. Claro que a bandeira não se torna uma arma sozinha. Precisa-se de um marginal disposto a isso. Mas como o poder público não gosta de trabalhar, proibi-se as bandeiras. Mas como os casos de brigas por causa de bandeiras são raríssimos, e na grande maioria das vezes por culpa falta de prevenção na área de segurança, só proibir as bandeiras não resolve muito. Proibi-se então os sinalizadores. Perigosíssimos. Mas casos de uso de sinalizadores como arma também não são a maioria. Proibi-se então o maior gerador de violência: As músicas!?! Realmente... Agora sim tudo estará resolvido.

Bom... Mas em política, antes de se ter bons resultados, é preciso de bons números. Acabar com os itens citados não gera resultado algum. Então, a solução é simples. Proibi-se a bebida alcoólica. Óbvio. É fato que muitas brigas começam por causa de uma cervejinha a mais. Um sujeito bêbado que não percebe que a garota está acompanhada, outro que derruba a bebida em alguém menos paciente, um terceiro que cai sozinho da arquibancada e também vai pras estatísticas. Todos esses casos, que acontecem em qualquer aglomeração onde haja bebida, deixam praticamente de existir com a proibição de venda de bebida alcoólica. E ficam bonitos na estatística. Diminuem o número de casos relatados ao poder público. Sobram, claro, os que deveriam estar sendo combatidos de verdade: As brigas entre torcidas rivais, os furtos, os assaltos, o vandalismo... Mas a polícia foi acionada “40%” menos do que antes. Sinal de que tudo está bem...

Enquanto as autoridades não pararem de maquiar números pra parecer que estão de fato trabalhando, as coisas não mudarão no Brasil. Ficaremos vivendo de programas bons de estatística nas áreas de segurança, educação, saúde, emprego... E o barco seguirá.

Ah, claro. Antes que eu me esqueça, quem gosta de beber, continuará indo ao Mineirão. Bebendo antes e depois. Causando o mesmo número de incidentes, porém fora da área medida pela estatística. E alguns que nem bebiam, passarão a beber. Afinal, como disse Michel de Montaigne (escritor francês do século XVI), “proibir algo é despertar o desejo”.

Ainda há outros pontos que eu poderia citar contra esse desejo por proibição que não resolve nada, mas deixo pra uma próxima vez. Se não me proibirem. Afinal, a palavra costuma ser algo muito subversivo.

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